A pregação expositiva e o discipulado da comunidade a partir do púlpito

Pr. Jean Haberman

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.” Mateus 28:19-20

 

Discipulado é a tarefa dada por Cristo à igreja. Jesus deixa isso bem claro aos apóstolos no final de Mateus. E Ele descreve o que significa fazer discípulos, é uma tarefa dupla: Batizar e Ensinar. É evidente no novo testamento que o batismo está conectado ao arrependimento e à conversão, os indivíduos que ouviam o evangelho e se convertiam eram logo batizados. Mas este não é o fim do processo de fazer discípulos. Na verdade, esse é apenas o começo do processo. Já que o arrependimento para a conversão que culmina no batismo – chamado no NT de novo nascimento, acontece apenas uma vez, é a segunda parte do processo de fazer discípulos que demora uma vida inteira: ensinar os regenerados a TUDO o que o Senhor ordenou.

É disso que se ocupam os apóstolos, a partir do livro de Atos, com aqueles que receberam o evangelho. Logo no início da igreja primitiva vemos que o processo de ensino era constante, Atos 2:42 nos diz que essa igreja recém-formada, que respondeu ao evangelho pregado por Pedro com arrependimento e batismo, agora se dedica ao ensino dos apóstolos. Atos 5:42 diz que:

“Todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo.” Atos 5:42

 

O ensino acontecia nos grandes ajuntamentos e nos ambientes mais reservados. O ensino era tão central na prática da igreja primitiva que o ministério de diaconia (e assistência social) surge em Atos 6 como uma resposta enfática dos apóstolos de que “não é certo negligenciarmos o ministério da palavra” e de que essa era a principal função daqueles que estavam à frente da igreja. Hoje não temos mais os apóstolos para nos ensinar o que Cristo os ordenou, mas temos o registro deste ensino nas escrituras do Novo Testamento e o Antigo Testamento como o texto com o qual eles ensinavam e apontavam o verdadeiro significado.

Essa mesma responsabilidade do ensino é requerida daqueles que deveriam ocupar o posto dos apóstolos. Eles são chamados de presbíteros, bispos ou mais à frente de PASTORES. As duas listas de qualificações requeridas daqueles que desejam o episcopado, tanto em 1 Timóteo quanto em Tito[1], apontam para a capacidade de ensinar POR MEIO DAS ESCRITURAS como sendo condição sem a qual o indivíduo se torna inapto para o ministério.

Se o ensino fiel das escrituras é o meio pelo qual fazemos discípulos de Jesus, então o discipulado de uma comunidade começa no púlpito. Com isso não estou dizendo que a comunhão e o andar juntos não sejam necessários no fazer discípulos, eles o são, e no nível pessoal é por meio destes que o ensino acontece, mas eles não são o conteúdo do discipulado e sim um meio para ele, o conteúdo continua sendo o ensino de Jesus por meio das escrituras. Por isso não tenho receio algum em dizer que a pregação fiel das escrituras é a ocupação mais importante dos pastores no processo de fazer discípulos, ainda que não seja a única.

E veja bem, a pregação fiel das escrituras! A exposição fiel do texto, respeitando a intencionalidade dos autores ao se dirigirem ao seu público primário, levando em consideração o contexto do entorno, e aplicando os mesmos princípios reconhecidos no texto dentro das nossas realidades contemporâneas. Isso é muito diferente de tomar o texto como uma alegoria ou pretexto para as ideias do pregador, ou tomar textos isolados de seus contextos para formar uma linha de raciocínio que nasce da mera intenção do expositor. Ou como já ouvi inúmeros pastores dizendo (espero que apenas brincando): “Minha pregação já está pronta, só falta colocar os versículos”.

É por isso que a pregação expositiva é tão necessária em nossos púlpitos. É o respeito ao texto como ele foi concebido para ser lido, de maneira contínua e sequencial. A leitura do texto em seu contexto, a explicação do seu significado e a aplicação deste texto na vida da comunidade é uma tarefa que traz duplo benefício. Primeiro o benefício direto do texto exposto e segundo a criação do método pelo qual o discípulo buscará a compreensão do texto em sua vida devocional privada. A maneira como a Bíblia é manuseada semana a semana no púlpito ajudará muito a ensinar a congregação a como ler e estudar a Bíblia.

O pastor que ensina sua congregação a manusear corretamente a Bíblia e a estudar a Bíblia no contexto apropriado por meio de uma abordagem literal, histórica e gramatical nunca verá sua congregação seguir esse método se não o empregar em sua pregação. E, diferente de um pastor habilidoso que tem todas as ferramentas e experiência para conectar diversos textos num significado que seja realmente fiel ao ensino das escrituras, os membros de uma comunidade – principalmente os mais novos, só terão diante de si o texto.

Não me atrevo a dizer que a pregação expositiva seja o único meio de comunicar fielmente a palavra de Deus, mas estou convencido pela prática e pela história da cristandade que ela é o meio mais seguro e efetivo para isso. Pregar a bíblia expositivamente maximiza a voz do texto e diminui a voz do pregador, deixa em segundo plano as preferências, opiniões e vontades do expositor, o afasta daquilo que ele gostaria de dizer e o coloca em contato com coisas que ele é forçado a dizer.

O verdadeiro discipulado cristão tem profundas raízes no ensino, a comunidade cristã é discipulada a partir do púlpito semana após semana e a pregação expositiva é essa ferramenta preciosa pela qual fazemos discípulos de Jesus.

 

Pr. Jean Haberman
Igreja Batista Nacional de Capanema – Paraná

(1)Ver 1 Timóteo 3:1-2 e Tito 1:6,9

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