Os Mandamentos Recíprocos e a Comunhão no dia a dia de uma Igreja Discipuladora

Pr. José de Arimatéia

Podemos dizer que Igreja Discipuladora é a comunidade cristã que pratica o discipulado bíblico de forma intencional, ou seja, que vive e resplandece para o mundo o “seguir a Jesus”. É a igreja que segue cumprindo, no mundo, o real sentido de sua existência, sua missão. Uma Igreja Discipuladora não pode prescindir da comunhão e da mutualidade. A comunhão, de acordo com a Bíblia, especialmente no NT, denota relacionamento do cristão com Deus e com seus irmãos, como fruto de sua conversão a Jesus Cristo. Já a mutualidade, dizendo de forma bem direta, é o “uns aos outros” expresso na Escritura Sagrada.

A Palavra de Deus, maravilhosamente, afirma no Salmo 133, o “quão bom e agradável que os irmãos vivam em união”. A vontade do Senhor para que haja comunhão entre seu povo foi também descrita em João 17.11,20-23, quando Jesus se santifica e clama por uma igreja unida – “[…] Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um. […]. Não peço somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por meio da palavra que eles falarem, a fim de que todos sejam um. E como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes transmiti a glória que me deste, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.” (grifo nosso).

É vital na vida da igreja que haja comunhão, afinal de contas somos corpo, somos família, e, através da comunhão, nos é proporcionado um ambiente de alegria, de paz, de unidade, de fraternidade e de cuidado mútuo. A comunhão da igreja faz parte da nossa missão como servos de Deus, pois através dela glorificamos a Deus e testemunhamos para o mundo que Deus é amor.

Muitas canções de comunhão são cantadas em nossas igrejas, como, por exemplo, “Como é precioso irmão / Estar bem junto a ti / E juntos lado a lado / Andarmos com Jesus […] Aliança do Senhor / Eu tenho com você / Não existem mais barreiras / Em meu ser”. Porém, é bem possível que a koinonia entre nós, povo de Deus, não esteja tão bem assim como a letra da música expressa. Quantas vezes abraçamos e nos emocionamos em um ambiente de reunião, mas depois esquecemos dos irmãos, não oramos por eles e seguimos a vida até o próximo culto? Quantas queixas dos irmãos? Quantos julgamentos? Quanta falta de aceitação?

O apóstolo Pedro, em sua carta (1 Pedro 1.22), expressa algo bem fundamental para uma comunhão saudável: “Tendo purificado a alma pela obediência à verdade, e com vistas ao amor fraternal não fingido, amem intensamente uns aos outros de coração puro.” Diante dessa imperatividade bíblica, somos desafiados a vencer nossa crise de comunhão e deixarmos de somente “bater um papo regado a comes e bebes nos eventos sociais da igreja ou de entoarmos cânticos de comunhão” sem realmente vivermos o que cantamos. Isso tudo é importante por nos abrir oportunidades; todavia, precisamos ir um pouco mais além, e, de maneira mais intencional e comprometida, vivermos uma genuína comunhão que promova o crescimento espiritual do outro.

E a base dessa comunhão não está na nossa própria capacidade de fazer ou não as coisas acontecerem, mas, em primeiro lugar, está na fé e na obediência à Palavra de Deus, uma vez que temos sido por ela purificados e transformados. Nosso Senhor e Mestre não quer fingimento em nosso relacionamento de amor uns com os outros, mas intensidade, verdade e pureza.

É na Palavra de Deus que encontramos os mandamentos mútuos, dados por ele para orientar nossos relacionamentos, mostrando o caminho para uma vida de discípulos mais plena e saudável, no dia a dia. Na prática dos mandamentos de mutualidade ajudamos e somos ajudados, abençoamos e somos abençoados; eu encorajo você e você me encoraja, por exemplo. É importante dizer que esses mandamentos não são regras de autoajuda para melhorarmos de vida, mas expressões diretas da vontade de Deus para a sua igreja.

Lowel Bailey, no livro 25 Segredos para derrotar a crise da comunhão, aponta esses mandamentos recíprocos como manifestações de uma verdadeira comunhão na igreja. Ele faz uma classificação interessante desses mandamentos de “uns aos outros”:

Os discípulos valorizam relacionamentos: amem-se, aceitem-se, saúdem-se, tenham igual cuidado, sujeitem-se e suportem-se;

Os discípulos protegem o corpo contra poluição e infecção: não tenham inveja, deixem de julgar, não se queixem, não falem mal, não mordam e devorem, não provoquem, não mintam, confessem seus pecados e perdoem-se;

Os discípulos contribuem para o crescimento uns dos outros: edifiquem-se, ensinem, encorajem, aconselhem e falem entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais;

Os discípulos servem uns aos outros: sirvam, levem os fardos pesados, sejam hospitaleiros, sejam bondosos e orem.

Aplicação:

Uma igreja discipuladora comprometerá sua missão se não buscar continuamente ao Senhor em primeiro lugar, pois o relacionamento íntimo com Jesus e sua Palavra é primordial – “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).

Uma igreja discipuladora não cessa de preparar seus membros para a obra de edificação e serviço no Reino de Deus, pois só o pastor e sua liderança não podem fazer tudo e cuidar de todos.

O exercício dos mandamentos recíprocos em uma igreja discipuladora exige proximidade e tempo, e para vivermos esta verdade temos que dar o primeiro passo: chegar mais perto, gastar mais tempo; em outras palavras, andar como Jesus andou.

 

Pr. José de Arimatéia
Igreja Batista Nova Esperança – Ananideua/PA

 

Referência Bibliográfica:

– BÍBLIA de Estudo do Discipulado, SBB.

– 25 Segredos para Derrotar a Crise da Comunhão / Lowell Bailey – 2ª edição – Santa Bárbara do Oeste, SP : SOCEP Editora Ltda, 2004.

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