A Páscoa e o nosso Êxodo

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Tanto a Páscoa judaica (Pessach em hebraico), quanto a Páscoa cristã celebram a mesma coisa: a libertação do povo de Deus da escravidão e da morte. Todavia, uma é a sombra da outra. Embora a Páscoa seja sobre Jesus, ela tem suas raízes na história do Êxodo, quando Deus enviou dez pragas sobre o Egito, para forçar o Faraó a libertar os israelitas. A décima praga foi a morte dos primogênitos, mas Deus poupou os israelitas, que marcaram suas portas com o sangue de um cordeiro sacrificado (Êxodo 12). Esse cordeiro era chamado de cordeiro pascal, e seu sangue era um sinal para que o anjo da morte passasse por cima daquelas casas e não tocasse na vida dos filhos de Israel. Ao se cumprir este último sinal, Faraó libertou o povo que então iniciou o seu êxodo, rumo à terra prometida.

Deus estabeleceu ao Seu povo que esta celebração fosse repetida pelos Israelitas, todos os anos, a fim de relembrar esse evento histórico e ensinar às gerações seguintes, sobre a história de sua libertação. A liturgia da festa deveria envolver o sacrifício de um cordeiro, o consumo de pão sem fermento e ervas amargas, e a narração da história do Êxodo (Êxodo 12:1-14, 25-27). O cordeiro seria o sacrifício substitutivo, que Deus providenciou para salvar Seu povo da morte. O pão sem fermento representa a pressa com que os israelitas saíram do Egito, sem tempo para deixar o pão fermentar. As ervas amargas representam a amargura da escravidão, que eles sofreram e a narração da história é um meio de ensinar às gerações futuras sobre a fidelidade de Deus e sua libertação, sendo este último elemento o mais enfatizado na cultura judaica até o dia de hoje.

A Páscoa cristã é uma celebração que reconhece a conexão entre a Páscoa judaica e a obra de Jesus Cristo. Jesus, sendo judeu, participou das celebrações da Páscoa judaica, durante sua vida (Lucas 2:41-43), porém a última Páscoa que ele celebrou foi especial. Jesus diz aos seus discípulos: “Desejei ansiosamente comer esta Páscoa com vocês antes de sofrer” (Lucas 22:15). Essa não seria apenas a última páscoa celebrada por Jesus, ela também seria a última celebrada debaixo da antiga aliança. 

Foi durante essa celebração que, fazendo uso dos elementos próprios da refeição pascal (o pão e o vinho), Jesus instituiu uma nova celebração que deveria ser repetida até a sua volta. Ao instituir a Ceia do Senhor, Jesus estava trazendo aos seus discípulos o real e mais profundo significado da Páscoa. Jesus é o cumprimento para onde todas as páscoas apontavam, desde a primeira até aquele momento.

Semelhantemente, nós também estávamos escravos em um Egito espiritual e padecíamos sob o domínio de um faraó espiritual. Então, por iniciativa de Deus, o verdadeiro Cordeiro Pascal, sem mancha ou defeito algum, foi sacrificado em lugar do Seu povo. Seu sangue, aspergido nos umbrais das nossas vidas, nos livrou da justa ira de Deus e nos libertou da escravidão do pecado e do Diabo. Deus, com mão forte, nos tirou daquele lugar de escravidão e agora caminha conosco, nos guiando rumo à nossa Canaã celestial, enquanto ainda peregrinamos por essa terra.

E mais, o sacrifício de Jesus é superior aos sacrifícios que o prefiguraram. Diferente dos cordeiros imolados todos os anos na Páscoa, Jesus não apenas morreu, mas também ressuscitou ao terceiro dia, vencendo a morte e garantindo não somente a Sua, mas também a nossa ressurreição. Ainda que celebremos a Páscoa todos os anos, não entregamos sacrifícios, nem tampouco Cristo precisa ser novamente sacrificado, pois Seu sacrifício perfeito foi feito de uma vez por todas, e Sua ressurreição no domingo de Páscoa testifica que sua validade é eterna e que, como Ele, nós também ressuscitaremos. Nas palavras do Apóstolo Paulo, Ele é o “primogênito dentre os mortos, as primícias entre aqueles que dormiram” (1Coríntios 15:20-24).

Por isso, dentro do calendário cristão, a Páscoa é a celebração mais importante, ela é uma celebração didática e memorial de que o sacrifício de Cristo foi cabal, e que todas as páscoas celebradas na antiga aliança falavam dEle. Nesse dia então, celebramos a vitória de Jesus sobre o pecado, a morte e o inferno, louvamos a Deus e nos alegramos pela nossa libertação, e renovamos nossa esperança na vida eterna e na nova criação.

Na Páscoa, também somos direcionados a olhar para o futuro, quando Jesus voltará para buscar sua igreja e estabelecerá a plenitude do Seu reino. Ele virá com poder e grande glória (Mateus 24:30), julgará os vivos e os mortos (2 Timóteo 4:1), e fará novas todas as coisas (Apocalipse 21:5). Ele enxugará toda lágrima dos nossos olhos, e não haverá mais morte, nem pranto, nem dor (Apocalipse 21:4). Ele será o nosso Deus, e nós seremos o seu povo. Ele será a nossa luz, e nós viveremos com Ele para sempre, em novo céu e nova terra (Apocalipse 21; 2 Pedro 3:13).

A morte e ressurreição de Jesus é a verdadeira Páscoa, que cumpre e supera a Páscoa judaica. Ela fala da nossa saída do Egito espiritual, por meio do sacrifício substitutivo do perfeito Cordeiro, e o início da caminhada rumo à nossa terra prometida que se manifestará em Sua vinda. Ela é a celebração da nossa libertação definitiva. Ela é a certeza da nossa comunhão com Deus, da participação na ressurreição de Cristo, da esperança na Sua volta, e da nossa alegria na Sua glória. Cristo é a nossa Páscoa! Ele é o centro, o sentido, e o motivo da nossa celebração, o autor e o consumador da nossa fé. Ele é o início e o fim da nossa história, o nosso Cordeiro, o nosso Pão, o nosso Vinho.

Que possamos celebrar a nossa Páscoa, com gratidão, esperança e louvor. Que possamos nos lembrar do que Deus fez por nós no passado, reconhecer o que Ele tem feito por nós no presente, e aguardar confiante nas promessas que se cumprirão no futuro. Que nesse tempo, em que ainda peregrinamos rumo ao nosso lar, possamos manter viva a memória da nossa história de redenção, e que possamos viver como povo livre, santo, feliz, unido, missionário e glorioso. Amém.

Pr. Jean Haberman
Igreja Batista Nacional de Londrina

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