Na dimensão da Educação, em seus vários conceitos, nos atentamos àquele relacionado à ação do ensino que concerne como reflexo final à aprendizagem, com as mudanças de hábitos e atitudes. Dessa prática por meio do ensino, apontamos a condução de todos os elementos benéficos para este exercício, e o educador adentra nesse ambiente de transmissão, facilitação, convivência, relacionamento e necessita de preparo e formação, independente de qual seja o seu campo de atuação.
O professor é o docente, o mediador do conhecimento, o mestre do ensino. Como profissão em todas as instâncias, o dia escolhido para comemorar o Dia do Professor no Brasil é 15 de outubro. A princípio, essa data seria para “regulamentar questões relacionadas ao sistema educacional brasileiro”. Somente no século XX, por meio de decreto presidencial, a homenagem foi estabelecida como feriado em reconhecimento da profissão e do profissional dedicado. No cenário internacional, com a participação da Unesco, a data é 5 de outubro e se aplicará para além de pontuar a importância do professor na sua atuação, mas também favorecer as discussões referentes aos rumos da educação mundial.
A Educação como um todo é interativa, e na instância cristã, e por sua essência, configura fator de multiplicação constante por fazer discípulos, devendo se atentar em aplicar-se na identificação dos desafios filosóficos e ideológicos do seu tempo e preparar-se ativamente para encará-los.
E quem é o professor educador cristão? O professor como educador cristão, ao atender a missão de ensinar, é desafiado a se posicionar como sujeito convicto de sua fé em outras esferas e frentes de convivência que não sejam somente as de cunho religioso e produzir um diálogo de equidade que permita a convivência diversa.
Considerando a Educação Cristã e o educador cristão, o credenciamento deste remonta a responsabilidade de se apropriar do termo cristão, fazendo uso das ferramentas específicas que darão ao mesmo confiança no exercício de uma prática significativa mesmo no seu espaço comum e aparentemente restrito de convivência na família e na igreja local. Estes talvez estejam caracterizados como espaços informais, já que não se espera uma devolutiva profissional de prestação de contas, mas a consciência de que em se tratando da esfera cristã haverá responsabilidades e reflexos pontuais, pois o cristianismo consiste em uma mensagem intencional de mudança e transformação de vida.
Na Educação Cristã o ensino consiste em mais do que transmissão, mas em relacionamento; mais do que relacionamento, mas em compartilhar vida. Como apontou Zuck: “Ensinar é mais do que ‘distribuir a verdade’. Ajudar os alunos a entenderem os fatos bíblicos fica abaixo da dimensão espiritual da educação cristã”.
O educador cristão deve pensar Educação em uma dimensão consciente dos seus reflexos na trajetória de construção do relacionamento desta com as ciências de formação, mesmo que inicialmente seja um leigo, a partir dos espaços de convivência que lhe foram propícios na família e na igreja; poderá avançar na sua capacitação em diversos formatos. Nessa perspectiva, esse educador não será mais um leigo, mas um estudioso cristão que mediará os conhecimentos com os demais educadores para que o aprendizado seja substancialmente completo.
Ser educador cristão remete-se ao desenvolvimento de competências que convergem na mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores baseado nos princípios bíblicos. Essa mobilização deve convergir principalmente para a comunicação eficaz das Escrituras que integrará à capacidade de expressar com mansidão aos que lhe pedirem a razão da sua fé.
O professor cristão deve se apropriar do conhecimento bíblico e da sua consciência de atuação que pode ser em vários espaços e onde a sua influência couber. A mensagem do educador cristão deve ser genuína conforme entendimento bíblico de regra de fé e prática dos cristãos no que concerne a todo contexto dos valores, dons e serviço e que são no imperativo a mensagem de esperança, as boas-novas da salvação a todos os homens.
O educador cristão é aquele que ensina a fé cristã; pode ser qualquer pessoa (e não será qualquer pessoa!) que tenha consciência de que educar integra vários requisitos e está imerso no universo de elementos pedagógicos didáticos, no diálogo das ciências, na responsabilidade de partilhar e compartilhar, mas principalmente da consciência de que precisa avançar para se credenciar; para ter autoridade de dialogar com outros públicos em instâncias diversas da sociedade e propor soluções às suas demandas. Essas serão pautadas nos valores bíblicos e de aplicabilidade na vida real.
Nem todos que estudam os assuntos bíblicos e teológicos serão educadores cristãos, mas aqueles que ensinam e fazem discípulos. Os que se esmeram em investigar os reflexos do aprendizado nas décadas que se seguem são educadores cristãos e pesquisadores.
Os desafios do ensino como ação educativa são pontuais e são exigências que precisam ser desenvolvidas e aplicadas pelo educador cristão considerando a distinção das faixas-etárias. O educador cristão que faz discípulos dará a esses a confiança para discernir os aspectos da vida em seus contextos. Como menciona Jehle, “Abracemos a filosofia de vida de Deus para que expressemos Cristo em todas as áreas de nossa vida, tanto de forma espiritual quanto mental.”
Nesse pensamento entendemos que devemos exercitar o discernimento, e nessa ação, precisaremos mais do que somente contemplação, mas a direção sistemática do ensino.
Todos os que se propõem a serem educadores cristãos em todos os campos, formais e informais, precisarão de preparo. Mesmo na educação cristã familiar, esta se tornará formal a partir do momento em que os ensinadores, se forem os pais, se dedicarem às doutrinas bíblicas e ao discipulado. Além de toda a preparação e dedicação, a consciência do nível do ensino cristão é imprescindível, pois essa educação produz legados para além da esfera terrena.
“Ensinar é mais do que ‘distribuir a verdade’”. A mensagem cristã é bíblica e confiável; será o norteamento e o objeto de trabalho do educador cristão, a excelente ferramenta pela qual a matéria-prima será transformada em edifício; deverá ser ensinada com esmero e entendimento para que não incorra em suspeitas, mas reflita a mudança da mente renovada. A Bíblia, como a Palavra de Deus, deve ser apresentada de forma sistemática, pois tem todo um contexto e precisa realmente ser ensinada e não somente narrada.
Quando pensamos em educação, a tarefa de ensinar é a ferramenta que precisa estar afiada para fazer efeito. O educador cristão precisa entender as bases da sua vocação; precisa se equipar para que no exercício de sua prática não venha ele mesmo ser reprovado.
Pensar em Educação Cristã como compartilhamento de vida e no educador cristão como agente credenciado em sua prática formativa e responsável, objetiva o anseio deste artigo.
Além do mencionado, objetiva também este artigo, saudar os queridos educadores cristãos no âmbito da Convenção Batista Nacional que tem se esmerado e atuam como professores, que são chamados pelo Mestre dos mestres e sentem-se acolhidos por suas lideranças para exercerem o ensino bíblico; a ordem é avançar e assumir as responsabilidades que lhes são devidas concernentes ao custo do discipulado: “chorando, mas trazendo consigo os seus molhos.”
Com alegria!
Por Beatriz Brito
Coordenadora da CBN EDUC